Uma das expressões culturais mais presentes e admiradas em todo o mundo, a tatuagem até hoje é polêmica quando se fala de mercado de trabalho. Afinal de contas, isso ainda é um tabu? Sabemos que algumas décadas atrás, exibir tattoos no emprego não era nada bem visto, mas muita coisa mudou de lá pra cá. Mas… será mesmo? O quanto a aceitação das tatuagens são uma realidade ou é apenas um discurso para a imagem da empresa?
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE
Pode ter certeza que no tempo da sua avó, possuir uma tatuagem era crise na família. “Onde vai arranjar emprego com esse negócio na pele?” Bom, não só no tempo da vovó, mas é possível que muita gente hoje em dia ainda escute esse tipo de crítica. Mesmo assim, com o passar das gerações, o preconceito diminuiu naturalmente. Pais na faixa etária de 30 anos, por exemplo, em uma grande parcela possuem tatuagens, resultando em aceitação dos avós e admiração dos filhos.
Porém, isso não é garantia nenhuma em relação ao mercado de trabalho, mais especificamente à visão dos departamentos de RH. Por vezes, a posição da empresa apenas é um cuidado para evitar maus olhares de seus clientes. Um argumento bem comum de se encontrar ainda é: “desde que não apareça, pode ter tatuagem, sem problemas.” Outras simplesmente associam essa questão à imagem corporativa, argumentando que funcionários tatuados causam uma impressão desleixada e agressiva.
Obviamente, nem todas as áreas pensam da mesma forma. Saúde, direito, finanças e engenharia são alguns dos segmentos onde os tatuados podem encontrar olhares mais desaprovadores. Mas é claro que existe uma série de lugares que não possuem qualquer problema em contratar pessoas com tattoos. Se por um lado existem empresas com visão mais conservadora, empregos nas áreas de cultura, beleza, tecnologia e comunicação muitas vezes visam pessoas tatuadas como uma forma de atrair a atenção de seus clientes.
PROCURANDO SEU LUGAR AO SOL
Para quem deseja ir à luta, cabe analisar alguns pontos. Sim, ainda existe resistência por parte de empresas mais conservadoras. Se a pessoa foi contratada com tatuagens, não deve haver nenhum problema quanto a isso. Porém, para aqueles empregados que desejam fazer uma tatuagem e têm dúvidas se a empresa aceitará a mudança, primeiramente deve-se pensar se esta empresa com posição tão inflexível é o lugar certo para você; é nesse tipo de lugar que você deseja trabalhar?
Claro que a situação não está fácil pra ninguém, e ficar dispensando emprego não é algo que a maioria possa fazer. Nesses casos, a opção pode ser simplesmente optar por tatuar em uma parte do corpo que fique oculta no ambiente de trabalho, como costelas e coxas, por exemplo. Existem casos de pessoas que tiveram suas entrevistas canceladas por conta de tatuagens muito à mostra, e outras de perderem promoções devido ao um visual mais alternativo.
Mesmo em lugares onde a tatuagem exposta possa não ser um problema, vale considerar a escolha do desenho, podendo ser ofensivo dentro do ambiente de trabalho, ou ainda o tamanho dele, evitando uma arte muito grande ou chamativa demais.
Falando de acessórios, piercings de orelha ou nariz são até bem aceitos em geral, dando até um toque mais feminino para as mulheres. Porém, peças como alargadores, transversais e aquelas aplicadas no septo nasal tendem a causar impacto e não serem bem vistas nos ambientes de trabalho mais conservadores.
AS LEIS DO TRABALHO
Mas e para aqueles que sofrem ou já sofreram preconceito pelo seu visual, seja quem já está no mercado de trabalho ou está tentando uma vaga? Será que existe algum respaldo da lei visando defender essas pessoas?
Bem, esse assunto ainda pode ser considerado polêmico pelo fato de não existir uma legislação própria quanto à imagem do trabalhador, que oriente o empregador como agir em processos de seleção ou quanto ao tratamento daqueles empregados mais “desenhados”. Considerando isso, uma pessoa não pode deixar de ser contratada ou ser demitida por conta de possuir tatuagens.
Se um empregado faz uma tatuagem, isso não pode ser motivo para ser demitido, pois de acordo com o artigo 482 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), se tatuar não está na lista de razões de rescisão por justa causa. Infelizmente, sabemos que na prática a causa da demissão pode estar “camuflada” por outro motivo qualquer. Visando evitar esse tipo de situação, existe um projeto de lei como adição à Lei 9.029 de 1995 que pretende proibir a discriminação de pessoas com tatuagem e piercing no ambiente de trabalho.
O OLHAR DO RH
Além das questões da lei e de como alguém se apresenta para tentar um emprego, é bom observar quem está do outro lado da mesa: os profissionais de Recursos Humanos. Saber o que eles pensam pode ser o que separa você da sua tão sonhada vaga.
Uma pesquisa realizada com 39 diretores de RH de diferentes empresas brasileiras, de diversos segmentos, mostrou que nenhuma possui uma política clara quanto à contratação de pessoas tatuadas. Porém, uma série de dados chama a atenção. 21% dos diretores já deixaram de contratar alguém por ter tatuagem, e 23% deles acham que tatuados passam menor credibilidade.
Confira algumas opiniões de profissionais de RH que encontramos, sobre a nem sempre clara posição das empresas em relação ao assunto:
Se for discreta, a tatuagem não é um problema. Elas viram um incômodo quando são objetos de comentários e polêmicas. Se a empresa é informal, não é um impedimento para promoção também. — José Luiz Rodrigues Bueno, diretor de RH do Banco Bradesco
O que realmente complica a contratação, no caso de um homem, é se a tatuagem for nas mãos ou no pescoço. Já no caso das mulheres, no braço ou nas pernas. — Marcelo Gomes dos Santos, gerente nacional de RH do escritório de advocacia Siqueira Castro
É preciso bom senso na hora de expor a tatuagem, principalmente quando existe contato com o cliente. Porém, não há nenhum impedimento na hora de contratar ou promover um tatuado. — Nancy Bartos, diretora de RH da AON
Evitamos a contratação de pessoas com tatuagens visíveis (rosto, mãos, pescoço). O colaborador competente é promovido independentemente de ser tatuado ou não. — Aline Corbeta Siqueira, gerente de RH do Hospital Santa Paula
VIVA A DIVERSIDADE
Mesmo com um olhar antigo ainda presente em muitos RHs, a realidade cada vez mais global das relações de trabalho começam a gerar certas mudanças nos processos de seleção que tendem a ser muito bem vindas para os amantes da tatuagem.
Recentemente, vemos crescer — principalmente entre grandes empresas — o discurso da diversidade, da importância e da necessidade de corporações possuírem em seus quadros de funcionários um reflexo da nossa sociedade, plural e misturada. Este discurso, primeiramente com foco nas minorias sociais, também se estende àqueles que possuem um visual fora dos padrões comuns. Se ainda existe o olhar torto para os mais tatuados, os ventos da diversidade podem ajudar a soprar essa visão conservadora para cada vez mais longe.
O tema todo é complexo, mas uma coisa é certa: tatuagens, piercings e afins não definem o caráter nem a qualidade do trabalho de ninguém, e à medida que as gerações passam e a estranheza ao diferente diminui, é natural que esse tabu seja cada vez mais algo do passado. Acima da aparência, o que acaba pesando mais é a postura do trabalhador.
Quer saber mais sobre o assunto? Separamos alguns artigos abaixo que serviram de fonte para nosso conteúdo. Confere aí:
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